Depois de quase três meses conversando apenas por Skype e pelo celular, eu e Brad finalmente pudemos nos encontrar. Durante as férias, eu havia viajado para New York, para ver meu irmão Andrew, depois fora para a Itália, depois para a Alemanha e, em seguida para a Holanda. Brad por outro lado, viajara com a família para Londres, passaram pela França e pela Suíça e, depois, viajaram para Chicago, para visitar alguns parentes. Ou seja, essa era a primeira vez que nos víamos desde o fim do último ano letivo, faltando apenas duas semanas para o início do próximo.
Eu estava aproveitando para renovar uma parte do meu closet. Durante as viagens, eu tivera pouco tempo para fazer compras, por isso, enquanto Brad carregava varias sacolas da Victoria's Secret, Colcci, Chanel e Prada, eu carregava algumas da Nina Ricci, Givenchy e Tiffany's. Estava calor, por isso, nós dois resolvemos parar um pouco as compras e ir tomar um sorvete na Haagen-Dazs, que não estava tão cheia quanto as outras, talvez por ser mais cara, ou talvez por ser mais espaçosa. Brad se sentou numa das mesas desocupadas, junto com as sacolas e eu fui fazer os pedidos. Rapidamente voltei, com nossos sorvetes, mas assim que entreguei para ele, ele disse que precisava ir ao banheiro, mas logo voltava. Eu o esperei ali, enquanto saboreava meu sorvete de chocolate belga, com nozes.
Enquanto ele não voltava, eu observava as pessoas na loja. Logo, entrou uma garota loira, terrivelmente vestida e foi pedir seu sorvete. A moça do balcão a atendeu prontamente. Ela pagou e foi se sentar. Para meu azar, a garota escolheu a mesa vazia logo atrás da minha e no caminho, ela pareceu tropeçar no pé da mesa - que desastrada - e seu sorvete foi parar justamente na minha blusa exclusiva da Burberry, que havia custado quase 500 dólares.
- Ah meu Deus! - exclamei, completamente irada. A garota parecia assustada. - Você é estúpida ou algo assim? Sabe quanto custou essa blusa?
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Meu sorriso era enorme enquanto olhava pela janela do avião, quando ele pousou em Los Angeles. Depois de ter atravessado o país, quando pisei meus pés em terras californianas todo o cansaço se dissipou. Finalmente, depois de tanto lutar, eu havia conquistado minha chance: estudar na Spotlights High School, onde somente os artistas destinados a futuros brilhantes estudavam. E agora eu era uma dessas pessoas.
Uma semana se passou desde minha chegada. Consegui me instalar confortavelmente em um residencial próximo a escola. Da sacada do meu quarto, observei com um sorriso o céu azul, as palmeiras e o mar. Uma paisagem bem diferente de Manhattan, com seus arranha-céus colorindo de cinza a cidade. O dia estava bonito demais para ficar em casa.
Saí de casa, aproveitando a brisa fresca balançando meus cabelos. Caminhei devagar, sem rumo, apenas aproveitando, saboreando tudo aquilo que me cerca, aquela complexidade de cores e pessoas diferentes que eu não conhecia.
Parei em frente ao shopping, ponderando se devia entrar e tomar um sorvete, ou apenas olhar as vitrines. Decidi-me por me refrescar na Haagen-Dazs, um vicio antigo meu. O lugar não estava tão cheio, o que foi bom porque odiava lugares cheios e apertados. Não havia fila, então segui diretamente para a atendente, que com um sorriso perguntou meu pedido. Olhei para as opções e por fim escolhi um delicioso sorvete de baunilha com macadâmias.
Havia uma mesa vazia atrás de uma garota loira cheia de sacolas e com cara de ‘Não fale comigo, sou muito melhor que você’. Passei direto por ela, mas para meu azar acabei tropeçando no pé da mesa. Foi como se o mundo parece, vi meu sorvete lentamente voando na direção da sua blusa. Depois tudo se acelerou, e tudo o que pude perceber foi garota começar a esbravejar sobre como aquela blusa era cara, que eu era uma estúpida por ter tropeçado. Aquela agressividade toda me assustou. Era apenas uma blusa, e ela fazia aquele escarcéu todo.
- Hey, calminha aí! Eu sinto muito pela sua blusa, mas foi um acidente, e acidentes acontecem. – Respondi, encarando seu rosto furioso. Que estranhamente se parecia muito com o meu, apenas seu cabelo era mais curto e ela usava mais maquiagem. – Não precisa ficar me xingando não. É apenas uma roupa.
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Jasmine Pierce Queens
Mensagens : 1534 Data de inscrição : 10/05/2011 Idade : 27 Localização : Malibu - LA
Assunto: Re: Häagen-Dazs Ice Creams 17.11.13 9:50
- Hey, calminha aí! Eu sinto muito pela sua blusa, mas foi um acidente, e acidentes acontecem. – a garota teve a audácia de me dizer. – Não precisa ficar me xingando não. É apenas uma roupa.
Respirei fundo. Aquela garota estava mesmo tentando me dar uma lição de moral?
- Querida... - comecei, num tom calmo, mas meu olhar denunciava como eu estava nervosa. - Essa blusa deve valer mais do que sua casa inteira. É exclusiva da Burberry de Londres. E você acaba de manchá-la com sorvete e nozes.
Lancei para ela um olhar fulminante, mas peguei um guardanapo e tentei aparar os danos causados. A garota me observava.
- O que está olhando? - perguntei, analisando-a de cima abaixo.
A garota usava um vestido e um colete, com uma bota, o que fazia com que ela parecesse uma hippie. Quase não usava maquiagem, e o corte de cabelo estava fora de moda. Não pude evitar dar uma risadinha e lançar um olhar de desprezo. Porém, alguma coisa nela, me fazia de lembrar de outra pessoa que eu conhecia, embora não soubesse quem.
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Segurei a vontade de rolar os olhos diante do drama da garota. ‘Sério, Senhor? Eu mereço isso?’ perguntei-me mentalmente. Sua voz se tornara calma, mas seus olhos demonstravam sua raiva por mim. Todo esse escarcéu por uma blusa de grife só demonstrava que ela era o tipo de garota que sempre odiei: Patricinha, metida, arrogante e exibida. Aquelas garotas que acham que só porque tem um papaizinho que banca seu cartão de crédito podem sair humilhando os outros.
- Primeiro: não me chame de ‘Querida’ porque mal te conheço, e na realidade nem quero. Segundo: posso não morar em uma mansão, mas também não moro em baixo da ponte. E terceiro: O sorvete era de baunilha com macadâmias, e não de nozes como você erradamente supôs – Falei com um sorriso irônico, fazendo a outra quase soltar fogo pelas ventas com meu atrevimento.
Fiquei intrigada com a semelhança física que tínhamos. Nossos olhos eram do mesmo tom castanho-esverdeado, o formato do rosto e do nariz. ‘Não, ela definitivamente não tem nada a ver comigo’, convenci-me ao ver seu olhar de desprezo por minhas roupas simples. Controlei-me para não começar o proferir os xingamentos que passavam por minha cabeça agora. Não, não iria perder mais meu tempo com uma pessoa tão incrivelmente insuportável.
- Não foi nada – Respondi a sua pergunta agressiva enquanto eu a olhava. – Bem sinto muito. – Desculpei-me mais uma vez, voltando-me para a saída. Mas mal cheguei a dar três passos quando senti bater em alguém. A força foi tamanha que me jogou no chão. Ai droga, aquele era meu dia de sorte mesmo.
- Nossa, me desculpe, foi sem querer. – Uma voz masculina me falou, estendendo-me uma mão enorme. Aceitei a ajuda e me levantei. A pessoa que me ajudara era um rapaz alto e loiro, muito bonito. Ele realmente parecia sentir por ter provocado meu acidente.
- Não, tudo bem. Essas coisas acontecem. – Falei, lançando um olhar a loira irritante, que olhava para o rapaz e para mim com uma expressão realmente furiosa.
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Brad Marshall Alunos
Mensagens : 151 Data de inscrição : 21/05/2011
Assunto: Häagen-Dazs Ice Creams 17.11.13 19:00
why don’t we go somewhere only we know
Eu e Jasmine não nos víamos pessoalmente desde o último dia de aula. Mas essa não era nenhuma desculpa para que ela me tratasse como seu escravo pessoal durante nosso primeiro encontro em três meses. Eu sabia que Jasmine era fascinada por compras, mas ela havia decidido renovar todo o guarda-roupa no mesmo dia em que havia marcado de sair comigo. E adivinha quem teria que carregar todas as sacolas pesadas? Isso mesmo, eu.
O dia estava quente, por isso nós decidimos - ou melhor, eu implorei - que era melhor parássemos para tomar um sorvete na Häagen-Dazs, que não estava tão cheia quanto as outras sorveterias. Eu me sentei com as inúmeras sacolas, enquanto Jas foi fazer os pedidos. Porém, quando ela voltou com os sorvetes, eu disse que precisava ir ao banheiro e pedi que ela me esperasse ali.
Tentei ser o mais rápido possível, pois eu sabia que Jasmine não era o tipo de garota que gostava de ficar esperando. Porém, quando voltei, cinco minutos depois, Jasmine não estava com uma cara nada feliz, além de uma mancha de sorvete bem no meio da blusa. Eu entendia bem a relação entre uma coisa e outra. Fiquei tão afobado que nem reparei que havia outra pessoa no meu caminho. Resultado: acabei derrubando uma garota. Rapidamente, estendi a mão para ajudá-la a se levantar.
- Nossa, me desculpe, foi sem querer. - falei, sinceramente, enquanto a ajudava.
Foi então que vi seu rosto. Ela tinha uma semelhança incrível com Jasmine. Embora o cabelo da garota fosse mais longo, as roupas mais simples e ela usasse bem menos maquiagem que Jas, as duas pareciam a mesma pessoa.
- Não, tudo bem. Essas coisas acontecem. - ela disse. Pude reparar, que ao dizer isso, ela lançou um olhar fulminante para Jasmine, que nos encarava furiosamente. Logo tratei de encerrar a conversa com a garota.
- Bom, de qualquer jeito, me desculpa. Com licença. - eu disse, lançando-lhe um sorriso sem graça. Já ia me dirigir para a mesa onde Jasmine estava, quando a vi se aproximando de onde eu e a garota estávamos.
Como se já não bastasse a mancha enorme de sorvete em minha blusa exclusiva, a garota ainda teve a coragem de me dar uma lição de moral. Aparentemente, ela me achava superficial e se achava muito superior, por andar com aquelas roupas simples e ridículas.
- Primeiro: não me chame de ‘Querida’ porque mal te conheço, e na realidade nem quero. Segundo: posso não morar em uma mansão, mas também não moro em baixo da ponte. E terceiro: O sorvete era de baunilha com macadâmias, e não de nozes como você erradamente supôs - ela disse e eu revirei os olhos, ignorando-a completamente.
Quando perguntei porque ela estava me encarando, ela respondeu, rudemente, que não era nada e logo em seguida, disse que sentia muito novamente, antes de se retirar. Para meu azar, Brad voltava do banheiro naquele exato momento e os dois se esbarraram. A garota foi ao chão - o que, devo mencionar, achei muitíssimo divertido -, mas Brad com suas irritantes maneiras de cavalheiro, teve que ajudá-la a se levantar. Os dois ficaram cheios de sorrisinho um para o, e num certo momento, a garota lançou um olhar que eu classificaria como, no mínimo, "fulminante" na minha direção. Só então Brad pareceu perceber minha presença, mas não se importou em voltar para a mesa. Ao contrário, continuou conversando alegremente com a estabanada que havia estragado minha blusa. Por isso, eu mesma tive que tomar providências. Caminhei até lá, a passos firmes.
- Brad, o que está fazendo? - tentei parecer doce, embora estivesse com os dentes cerrados. Ele abriu a boca para dizer alguma coisa, mas eu o interrompi. - Pode pegar as sacolas, meu amor? Aqui anda mesmo muito mal frequentado. - lancei um olhar de soslaio, para a garota loira, que nos observava. - Prefiro ir para outro lugar. Onde ninguém não possam nos incomodar... Ou derramar sorvete em nossas blusas favoritas, certo?
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O rapaz me lançou um sorriso sem graça, desculpou-se novamente e já ia saindo quando a garota veio na nossa direção com passos tão firmes que pensei que estava marchando. Bem que ela poderia ser um general sádico e ditador, suas atitudes eram idênticas.
- Brad, o que está fazendo? –Disse com os dentes cerrados e a voz falsamente doce. O rapaz, Brad, iria responder, mas ela interrompeu-o. - Pode pegar as sacolas, meu amor? Aqui anda mesmo muito mal frequentado. –Ela olhou de relance para mim. Rolei os olhos, com todo aquele drama. Agora entendi porque ela avançou tão rapidamente na nossa direção. Estava com ciúmes do namorado. Urgh, coitado do cara. Namorar uma garota ciumenta e possessiva como ela, que não podia ver o namorado conversar com ninguém. Deveria estar bêbado. - Prefiro ir para outro lugar. Onde ninguém não possam nos incomodar... Ou derramar sorvete em nossas blusas favoritas, certo?
Minha expressão era de alguém que estava assistindo a duas horas de uma palestra de física nuclear. A cena da menina estava pior do que novela mexicana.
– Eu já me desculpei por isso, e se você é muito turrona para aceitar isso é problema seu. Já que você se acha tanto uma garota superior, aceitar minhas desculpas só comprovaria isso. Mas sua atitude só demonstra que não importa quantas roupas de grife você vista, educação e caráter dinheiro não compra – Falei olhando para ela. Sério, como pude me achar parecida com ela? Eu devia estar doida mesmo – Com licença. – Pedi educadamente, e passei pelos dois, pretendendo ir até o balcão e pedir outro sorvete. Não deixaria meu dia ser afetado por essa patricinha.
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- Brad, o que está fazendo? – disse Jasmine, cerrando os dentes, embora a expressão se mantivesse falsamente doce. - Pode pegar as sacolas, meu amor? Aqui anda mesmo muito mal frequentado. – ela olhou de lado para a garota loira. - Prefiro ir para outro lugar. Onde ninguém possa nos incomodar... Ou derramar sorvete em nossas blusas favoritas, certo?
- Jas! - tentei repreende-la, mas ela nem ligou.
- – Eu já me desculpei por isso, e se você é muito turrona para aceitar isso é problema seu. Já que você se acha tanto uma garota superior, aceitar minhas desculpas só comprovaria isso. Mas sua atitude só demonstra que não importa quantas roupas de grife você vista, educação e caráter dinheiro não compra. - disse a garota, duramente, sem tirar os olhos de Jasmine, que também a fuzilava com o olhar. Em seguida, a garota pediu licença educadamente. Jasmine exibiu um sorrisinho de triunfo, embora eu a conhecesse bem o suficiente para saber que ela não estava nada feliz. No entanto, eu sabia que a garota estava certa. Por isso, não me contive. Se Jasmine não ia fazer nada a respeito, eu faria. A garota estava no balcão, pedindo outro sorvete. Antes que Jasmine pudesse me impedir, me dirigi até lá.
- Me desculpe pela Jas. - eu disse, lançando-lhe outro sorriso constrangido. - Ela não... Bom, ela age assim o tempo todo. - admiti. - Mas, não leve pro lado pessoal. Esse é simplesmente o jeito dela.
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