Suíte de Brittanny

Yeah, they’ll tell you now, you’re the lucky one.

As férias de verão terminaram. Já era dia de voltar para a escola. Eu sempre ficava ansiosa no primeiro dia. Isso era inevitável. E esse ano, é claro, não foi diferente. Acordei às 6:00 em ponto, fiz minha higiene matinal e após tomar um razoavelmente rápido, porém relaxante banho de banheira, escolhi a dedo cada um dos meus acessórios: um jeans Burberry, uma blusa Marc Jacobs, assim como minha bolsa, sapatilhas Cindy Sparkles, brincos Casear e óculos de sol Nina Ricci. Depois fiz minha maquiagem: sombra clara, olhos bem delineados, blush e batom vermelho. Penteei meu cabelo e desci para o café da manhã, não sem antes respirar fundo, pronta para encarar o desprezo dos meus pais. Eles haviam sido bem legais comigo nas férias, na esperança de que eu abandonasse a Spotlights e me transferisse para uma escola elitista, onde poderia me concentrar nos meus estudos e me preparar para a faculdade de Direito. Bom, eles que esperassem sentados.

Desci as escadas, pronta para encarar as feras. Meus pais estavam sentados à mesa de café, meu pai levantou levemente a cabeça quando eu cheguei, mas logo voltou a se concentrar no jornal. Já minha mãe nem sequer olhou para mim.

– Bom dia. – eu disse. Eles me ignoraram. Revirei os olhos.

Tomei meu café em silêncio. Não gostava disso, mas estava habituada. Meus pais sempre agiam assim no início das aulas. Comi minhas torradas integrais com mel e tomei um copo de suco de laranja, como sempre. Terminei de comer rapidamente e me levantei da mesa. Mas eu não iria sem antes ter uma última tentativa de fazer meus pais falarem comigo.

– Bom, eu estou indo. – eu disse, mas eles continuaram a me ignorar. Tentei forçá-los a participar da conversa. – Não vão me desejar boa sorte? – disse, como quem não quer nada. Minha mãe me fuzilou com o olhar.

– Para quê? – disse ela, com raiva. Ela se levantou da mesa e veio até mim. – Para você ir para aquela escola achando que aprovamos esses planos malucos de ser artista? – depois ela saiu da sala, pisando duro. Meu pai foi atrás dela, lançando-me um olhar reprovador.

Revirei os olhos novamente e me dirigi ao meu carro. Estava um pouco chateada, mas fazer o quê? Aqueles eram meus pais. Querendo ou não eu não poderia mudá-los. Entrei no Cruze conversível e girei a chave na ignição. Respirei fundo, abri o portão eletrônico da garagem e saí com o carro. Não deixaria nada nem ninguém atrapalhar meu dia.

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